Uma multidão de apologetas (Argumentar ou não argumentar?)

Santificai a Cristo, como Senhor em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós, mas fazendo isso com mansidão e respeito, com boa consciência, para que os que caluniam o vosso bom procedimento em Cristo fiquem envergonhados naquilo de que falam mal de vós.  Porque, se a vontade de Deus assim o decretar, é melhor que sofrais fazendo o bem do que o mal.

1 Pedro 3:15-17

Nada de novo debaixo dos céus

O momento que vivemos hoje não é diferente daqueles que a Igreja de Cristo viveu em toda a sua história. Heresias surgem de toda a parte, o ateísmo nos bombardeia diretamente todos os dias, e a má procedência dos cristãos nominais não ajuda em nada. O que faz parecer novo o que estamos passando é a facilidade com que nos fazemos ouvir por um grande número de pessoas. As redes sociais tornam mais fácil a propagação das ideias, e consequentemente, tornam mais fácil o nascimento de discussões calorosas.

Apologia

Não posso dizer que a apologética nunca foi tão necessária. Já foi sim; talvez até mais. Contudo, hoje vivemos uma popularização da apologética. Toda vez que defendemos nossa fé, estamos sendo apologetas, ainda que não saibamos como fazer isso propriamente. Quando digo que não sabemos fazer isso propriamente, me refiro a duas coisas:

1-      Pessoas que não estudaram apologética;

2-      Pessoas que estudaram apologética, porém, não a praticam de acordo com a Bíblia.

O que acontece é que aprendemos a argumentar, com ou sem curso de apologética, e achamos que isso é o suficiente. Chegamos ávidos onde a discussão se origina e despejamos uma dezena de argumentos, orgulhosos de nós mesmos por estarmos “preparados para responder a todo aquele que pedir razão da esperança que há em” nós. Que dirá de envergonhá-los…! Adoramos essa parte. Achamos lindo um ateu perder a paciência e jogar falácias ao vento enquanto catamos cada uma delas com as mãos e esfregamos em suas caras. Se temos algum conhecimento filosófico, então… Ah, adoramos usar as ferramentas deles contra eles! Mas isso é apologética bíblica? Não, isso não é o que ela ensina.

Cristo como Senhor do Coração

Costumamos ver a apologética como uma mera ciência, em nada espiritual; apenas intelectual. Em nossa usual separação da mente e do espírito (que é totalmente equivocada), clamamos a glória para nós quando entramos em uma argumentação. Excluímos o Espírito de Cristo que habita em nós, e damos espaço ao nosso ego, que não por acaso idolatra o “estar certo”. Mas Pedro faz um paralelo que derruba definitivamente a crença interna (interna porque dizemos crer no oposto, mas agimos de acordo com essa crença) de que Cristo não tem parte na nossa argumentação, e de que nós somos “Os Defensores da Verdade do Evangelho”.

Santificai a Cristo, como Senhor em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós.

Notem a clara ligação entre o “santificar a Cristo” e o “estar preparados”. Isso nos diz que, ao nos introduzirmos em uma discussão, devemos, antes de tudo, honrar a Cristo como santo em nossos corações. Ao pensarmos naquilo que Cristo ensinou durante sua vida terrena, podemos ter ideia de como poderemos honrá-lo:

Amai a vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem. Mateus 5:44

Como Ele disse, se amarmos os que nos amam, que recompensa teremos?

Bem aventurados os mansos, porque herdarão a terra. Mateus 5:5

Afinal, o próprio Jesus foi uma figura de mansidão sem par.

De acordo com Pedro, a defesa da fé não pode estar desacompanhada da santificação de Cristo em nosso coração. Como ele dirá no versículo 17, é melhor que soframos fazendo o bem do que fazendo o mal.

Instruir com Mansidão aos Que Resistem, Sem Contender

 Paulo falou de forma similar, o que nos confirma o que Pedro disse. Em 2 Timóteo 2:24-26, ele diz:

É necessário que o servo do Senhor não viva a contender, e sim deve ser gentil para com todos, apto para instruir, paciente, disciplinando com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade, mas também o retorno à sensatez.

Ao que me parece, a prática da gentileza, mansidão e paciência unida à aptidão para instruir é um fator decisivamente usado por Deus para levar o arrependimento àqueles que se fazem nossos adversários. Por que, então, nós nos tornamos tamanhos especialistas em contender (sim, porque o que fazemos não é instruir), e tão infantis na prática de qualidades que Paulo exalta tantas vezes? Por que não honramos a Cristo em nossas argumentações se nos consideramos portadores da Verdade?

Julgando Tudo, Julgado por Ninguém

É claro que às vezes é quase impossível lidar mansamente com aqueles tipos desrespeitosos e debochados. A vontade que temos é de humilhá-los da forma mais profunda possível. Essa é a vontade da nossa carne, mas lembre-se de que nós também já fomos assim um dia. Afinal, Paulo diz que eles não entendem “as coisas do Espírito de Deus”, “porque elas se entendem espiritualmente”. E eles mesmos estão sob a escravidão do pecado, por isso não têm controle sobre seu desejo de fazer chacota das crenças que para eles são loucura. Paulo completa esse pensamento dizendo que aquele que é espiritual julga bem tudo, e por ninguém é julgado. O termo para “julgar” nesse texto é a palavra grega anakrinei, que significa examinado, discernido, compreendido. Ou seja, nós que somos espirituais compreendemos bem as coisas do espírito, porém ninguém nos compreende. É justo que percamos a paciência com alguém que está condenado por sua própria natureza a não nos compreender?

Quem Cala Consente?

Um amigo me instruiu certa vez sobre como lidar com aqueles que já começam a conversar com tom debochado, que já fazem uma pergunta para se divertirem às nossas custas. Ele disse que devemos perguntar: “Você realmente quer saber ou já tem sua opinião e só quer se autoafirmar?” Independente do que a pessoa responder, nós já conseguimos perceber se o assunto é sério ou se é apenas uma forma de autoafirmação. Caso seja autoafirmação, é só não dizer nada. Isso nos lembra do velho ditado: quem cala consente. Mas isso é verdade? Quem cala consente? O rei Salomão não acreditava nisso. Veja o que ele diz a respeito em Provérbios 17:28:

Até o tolo, quando se cala, é reputado por sábio; e o que fecha a boca é tido por entendido.

Parece que quem cala, não necessariamente consente. De acordo com Salomão, quem cala é considerado sábio, ainda que não seja. Voltando a Paulo, ele diz que devemos instruir aos que resistem, e responder aos que pedirem razão da nossa esperança. Em primeiro lugar, instruir não significa defender. Segundo o dicionário Priberam, instruir significa dar instrução, fornecer informações ou esclarecimentos. E ele diz que devemos responder aos que pedirem razão da nossa esperança. Não àqueles que só querem se entreter. É claro que haverá situações em que a defesa da fé contra pessoas desrespeitosas será necessária, mas se a defesa da fé significa que será necessário que você peque, tenho certeza de que o melhor a fazer é calar-se. Afinal, imagine se você faz uma argumentação impecável, porém, ninguém vê Cristo em você, senão sua carne pecaminosa usando seu cérebro para humilhar alguém. Se for para lembrar-se de alguma coisa que está escrito aqui, lembre-se disso: De que adianta ganhar uma discussão e perder uma alma?

Lembre-se do que Agostinho de Hipona disse: “Convém matar o erro, porém salvar aos que vão errados.”

Homens e mulheres de Deus, não deixemos de dar razão da esperança que há em nós. Sejamos aptos para a instrução. E sigamos a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência e a mansidão (1 Timóteo 6:11).

Um Povo Intrigante

historical-photos-rare-pt2-samurai-1860-1880Um filme que tinha tudo pra ser um fiasco na minha concepção, mas acabou sendo muito precioso para mim, é O Último Samurai (aquele com o Tom Cruise). Na adolescência aprendi a admirar a cultura oriental em geral; fruto dos mangás e animes e do karatê que tive que começar a praticar por causa de alguns problemas ósseos que eu tinha. No filme, Nathan Algren, o personagem do Tom Cruise, escreve um diário. E quando ele é capturado por samurais e é obrigado a viver por todo o inverno em seu vilarejo, ele passa a observar o estilo de vida daqueles que antes considerava selvagens, e escreve uma frase notável a esse respeito:

São um povo intrigante. Desde o momento em que acordam, se devotam à perfeição de qualquer coisa que buscam. Eu nunca vi tamanha disciplina. Estou surpreso em descobrir que a palavra Samurai significa ‘servir’…

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Self-Examination Playbook

Silver LiningsSe você pretende assistir ao filme O Lado Bom da Vida e não gosta de spoilers, recomendo ler este texto depois de assistir. =)

Bom, hoje assisti a esse filme, e é fácil perceber o motivo de a Jennifer Lawrence ter ganhado o Oscar de melhor atriz. Não que eu seja um especialista, ou algo assim, e pode haver muitas pessoas que discordem de mim nesse sentido que são bem mais entendidas no assunto. O negócio é que o filme é bem envolvente, e Tiffany (personagem da Jennifer Lawrence) é muito intrigante. Trata-se de uma moça que, apesar de aparentar ser jovem demais (e “alternativa” demais) para ser casada, já é uma viúva. E enviuvar a fez perder um pouco de sua sanidade mental. O fato é que ela evitava fazer sexo com seu falecido marido há algum tempo, pois não sentia mais atração por ele, e o finado (então vivo) morreu atropelado voltando de uma loja de lingerie para tentar reaquecer as coisas no relacionamento. Bonito, né? O problema é que a garota virou uma ninfomaníaca, meio que tomando o caminho extremo oposto daquilo que, supostamente, fez com que o marido dela morresse.

Mas ainda não cheguei na parte intrigante.

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Shakespearirica

Olá!

Esses dias estive gravando um vídeo com meu amigo Yago, e pimba! Percebi que eu ainda tenho ideias. Eu ainda consigo falar sobre as coisas da vida! Depois de 4 anos pegando poeira, resolvi retomar o Felicidade25¢. =)

abestado

Os textos que postei até hoje aqui no blog foram ocultados para revisões futuras, afinal, muitas coisas mudaram em 4 anos: minha cosmovisão, minhas prioridades, meu estado civil, e tal; mas algumas coisas nunca mudam: ainda sou um péssimo escritor, e parte triste disso é que eu gosto de escrever. Então mais uma vez vou contar com os elogios educados de meus amigos (não que eu aprecie elogios, mas eu tenho amigos realmente muito educados) e espero sinceramente que eles me ajudem a crescer nesse sentido, porque ser um péssimo escritor por muito tempo é chato demais, e algo que eu definitivamente não quero é pensar que escrevo shakespeare quando estou mais para tiririca.

Um forte abraço!